terça-feira, 1 de novembro de 2011
OS CINCO SENTIDOS - O OLFACTO - (I)
Pelo odor das palavras
Nasceu sem olfacto. Nunca se deliciou com aromas divinos, com o cheiro da castanha assada nas ruas de Outono, com o cheiro a terra molhada depois duma chuva de Verão, com o cheiro a maresia, com o cheiro do café acabado de fazer, com o cheiro a pão quente. Do mesmo modo, desconhece o fedor da bosta, da comida estragada, das lixeiras a céu aberto, das casas de banho públicas. Conhece, no entanto, cheiros mais subtis, aromas que passam tantas vezes despercebidos a possuidores de faros apurados: identifica de imediato o cheiro do medo, o aroma da mentira, o inigualável perfume do sexo, sem nunca se enganar. Quiseram estudá-la. Fugiu e arranjou emprego numa loja de perfumes. Sabe de cor todas as composições, os diversos tipos de aroma e tornou-se a vendedora preferida de todos os clientes. Ninguém sabe do seu pequeno “defeito de fabrico”.
Missanga
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