domingo, 6 de novembro de 2011
OS CINCO SENTIDOS - A AUDIÇÃO (IV)
Silêncios intermitentes
E de novo aquele som. Ouvia-o, distintamente, quebrando o silêncio da noite. Não o ouvia sempre, nem continuamente. Surgia de repente, no silêncio, sempre no silêncio. Parecia vir dos confins da terra, um rumorejar de abelhas abafado e novamente o silêncio. Havia quase uma semana que aquele som lhe interrompia o adormecer e a deixava inquieta. Perguntou aos vizinhos. Nenhum ouvia tal barulho. Pensou que fosse imaginação, tão súbito era o som para logo deixar de o ser. Percebeu que o gato também o ouvia. Ficava, como ela, quieto e atento. Seriam fantasmas? Dizem que os gatos vivem entre dois mundos: este e o mundo dos mortos. Uma noite, porém, o som foi mais intenso. O leve rumorejar tornou-se assustador. Parecia vir das entranhas da terra. A cama abanou, algo se quebrou na sala, ouviram-se gritos. A seguir, de novo o silêncio…
Missanga
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