domingo, 13 de novembro de 2011
OS CINCO SENTIDOS - E O SEXTO-SENTIDO (VII)
achando o sentido perdido
meditei. pensei. raciocinei. submeti à questão ao mais severo espírito científico. explorei, indaguei. li e reli canhanhos. vasculhei dicionários e enciclopédias. elaborei gráficos, diagramas, organogramas. inventei "electrovideogramas" e até "aeroespacialgramas". cheguei a usar computadores com discos internos e externos, inchados de toda a sorte de informação sobre o tema. passei noites sem dormir, estudei. investiguei até arranhar o inverosímil. contei as estrelas e consultei as videntes. contratei bruxos, cartomantes, profetas e quiromantes. mandei traçar os mais precisos mapas astrais. realizar as mais aprofundadas investigações forenses, médicas e psicológicas. usei lógicas e teorias demagógicas. deitei mão à arqueologia, à sociologia, à pedagogia, à filosofia, à cientologia. e a sem número de "ciências-logias". explorei as teogonias, as teosofias. indaguei junto da santa sofia e das laicas "sofias". revelei epifanias. segui o sentido das parusías. recorri ao labor dos glosadores, dos comentadores, destes e daqueles, dos mais altos doutores. tanto à exegese como à maiêutica. ao saber da ascese e da hermenêutica. usei a inteligência mais artificial e a mais sobrenatural: a do bem, a do mal; a do demónio, a do divino. procurei em todos os estabelecimentos de ensino. nas academias, nas tertúlias, nos becos, nas esquinas, nas avenidas. empreguei na tarefa todo o esforço e engenho que pude. atravessei o deserto e a tempestade. quase periclitei, mas porfiei. um dia dei por terminado o que pensei ainda não ter (haver) acabado. e ainda assim...
tudo em vão. tudo por uma busca que se revelou tão exaustiva quanto inglória. tudo por muito pouco...
no entanto - diz-me o meu sexto-sentido que -, não o podemos nem devemos negar: quem o faz é porque nunca se enganou e raramente tem ideias.
Joshua M.
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