sábado, 26 de novembro de 2011

Mário de Cesariny (9 de Agosto de 1923 / 26 de Novembro de 2006)


Santas e marinheiros

Foi numa agradável tarde passada em conversa com o meu querido amigo António, em que falámos (também) de Mário Cesariny, que o recordei. E as memórias deslizaram. Vagas. Leves. Soltas. Relembrei-me das palavras trocadas, dos acenos, do sorriso (sempre) malicioso, das constantes provocações, dos elogios ardilosos, dos aplausos resgatados nas estreias de peças em que eu participava e, claro, das histórias. E, oh, se aquele homem tinha histórias para contar. Além do mais, sou um dos cinco mil rapazes que se pode orgulhar de ter no currículo um pedido de casamento do Mário Cesariny, em jeito de provocação. Revivi então um episódio, em que o Cesariny, em passo apressado ao lado de um qualquer marinheiro, passou na rua por um amigo em comum. Era Sexta-feira Santa, esse dia tão sagrado em que se deve honrar o caminho do Senhor, e solta-se a questão: “Ó Cesariny! Pelo amor de deus, hoje é Sexta-feira Santa”. A resposta, como sempre, estava à boca de cena, aguardando ordem de disparo: “Não há problema. Marinheiro não é carne, é peixe. Hoje pode comer-se à vontade”.


Bruno Vilão

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