sábado, 7 de julho de 2012
Crónica Benzodiazepina
O CARDUME
Há algum tempo atrás, quando ainda valia a pena, recordo-me de ter acordado, olhado em redor e ter percebido que a casa onde vivia precisava de uma volta. Assim, saltei da cama, tirei os lençóis, coloquei lavados. Sacudi tapetes. Aspirei. Lavei chão do quarto. Limpei WC. Esfreguei a banheira. Pus os lençóis na máquina. Estendi a roupa que lá estava. Aspirei o hall. Sacudi mais tapetes. Limpei a varanda. Tratei dos gatos. Arrumei armários da despensa. Reciclei lixos. Recolhi roupa. Levei-a para a engomadoria. Trouxe roupa da engomadoria. Fui ao super. Fiz as compras. Carreguei as compras. Arrumei as compras. Limpei gelo do congelador. Fiz jantar. Lavei a loiça que não cabia na máquina. Pus a máquina a lavar. Arrumei a loiça. Perfumei a casa. Pus a mesa. Fiz um chá de canela e sentei-me a descansar um pouco no sofá a olhar para a minha peça de arte favorita: o cardume. Foi então que ele chegou e disse:
- Sortuda, TODO O DIA EM CASA SEM IR TRABALHAR! O que é o jantar?
Nesse dia percebi que alguém estava ali a mais.
Carmo Miranda Machado
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