OUTRO OLHAR
Tenho andado arredada das viagens virtuais e deste mundo
cibernaútico. A verdade é que, de vez em quando, nem me lembro que
ele existe o que é muito bom sinal por um lado, porque significa que
ando ocupada em actividades bem mais úteis e gratificantes; ou muito
mau sinal, por outro, porque é o reflexo de um computador
inoperante, atacado por estúpidos vírus que o destroem
lentamente.
Hoje acordei cansada. Porque a semana foi difícil. Porque acordei
diariamente às 7h da manhã. Porque adormeci sempre tarde. Porque as
aulas ainda não terminaram. Porque, porque, porque...
Assim, mal acordei fui assaltada pela ideia urgente de esvaziar-me
de coisas, de objectos. Estou farta de tanta tralha à minha volta.
Literalmente, tenho a casa repleta de tralha que me prende as
energias, me ata os movimentos, me limita a criatividade. De
inutilidades, de gavetas cheias de nada, de móveis atulhados de
tudo, de prateleiras repletas de livros, de cd's, de revistas
espalhadas... Enfim, sinto uma necessidade urgente de me despojar. E
isso não se refere apenas às coisas materiais, garanto-vos. Pelo
contrário. A necessidade de esvaziar o passado, porque perfeitamente
desnecessário, é em mim premente. Trazemos connosco esse mesmo
passado pois somos o resultado de todos os momentos que fizeram a
nossa vida até este preciso momento em que teclo. Mas viver é
reinventarmos permanentemente o nosso tempo e é sobretudo termos
outra forma de olhar a vida a cada dia que renasce.
Carmo Miranda Machado
Carmo Miranda Machado
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