sábado, 14 de julho de 2012

Crónica Benzodiazepina


 

OUTRO OLHAR

Tenho andado arredada das viagens virtuais e deste mundo cibernaútico. A verdade é que, de vez em quando, nem me lembro que ele existe o que é muito bom sinal por um lado, porque significa que ando ocupada em actividades bem mais úteis e gratificantes; ou muito mau sinal, por outro, porque é o reflexo de um computador inoperante, atacado por estúpidos vírus que o destroem lentamente.
Hoje acordei cansada. Porque a semana foi difícil. Porque acordei diariamente às 7h da manhã. Porque adormeci sempre tarde. Porque as aulas ainda não terminaram. Porque, porque, porque...
Assim, mal acordei fui assaltada pela ideia urgente de esvaziar-me de coisas, de objectos. Estou farta de tanta tralha à minha volta. Literalmente, tenho a casa repleta de tralha que me prende as energias, me ata os movimentos, me limita a criatividade. De inutilidades, de gavetas cheias de nada, de móveis atulhados de tudo, de prateleiras repletas de livros, de cd's, de revistas espalhadas... Enfim, sinto uma necessidade urgente de me despojar. E isso não se refere apenas às coisas materiais, garanto-vos. Pelo contrário. A necessidade de esvaziar o passado, porque perfeitamente desnecessário, é em mim premente. Trazemos connosco esse mesmo passado pois somos o resultado de todos os momentos que fizeram a nossa vida até este preciso momento em que teclo. Mas viver é reinventarmos permanentemente o nosso tempo e é sobretudo termos outra forma de olhar a vida a cada dia que renasce. 


Carmo Miranda Machado

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