DESERTO URBANO
se me derem um deserto para viver.
do deserto selecciono a minha
independência
para ver ao longe aquilo que ao perto
já não amanhece.
e no grande livro do nada
uma conjunção avermelhece
como estrutura transitiva,
como massa de água que resolve as
luzes
e ainda assim ilumina todas as raízes.
e por fim desejo não ter de escolher
as palavras.
que os dias sejam levados com os
astros.
que o meu segredo seja um exercício
infinito,
mapa para nenhuma coisa.
Sylvia Beirute
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