sábado, 14 de agosto de 2010

Crónica Benzodiazepina


Vieste às putas?

Sim? Então eu explico.

Nem mais: ilustram as estatísticas que a matilha internética procura lautamente “putas” – entre outros termos oriundos de idêntico hemisfério lexical e que dispensam demais apresentações – nos motores de brusca aparição da ciberaldeia global. Ora, filósofos e fanfarrões que somos, nem sempre nesta ordem, saltitões e a esticar o pescocito esquálido, qual emplastro blogosférico, queremos gritar estou aqui, estou aqui na ribalta da primeira página de resultados dos benfadados google e bing e ask e msn e sapo e redundante parafernália de buscadores a que basta atirar um osso que diga “putas”, ou outra coisa qualquer de vida difícil, para que os moçoilos desatem a esgravatar bytes infindáveis de informação servida a preceito do apetite.

Desde tempos imemoriais, dos quais, convenientemente, não há pois memória, é sabido que onde há putas nunca faltam filósofos embevecidos com a sabedoria dessas mulheres, muito para além do que os costumeiros entreténs de alcova fariam supor. Os fanfarrões, esses então!, fazem parte da mobília estrutural da putalhice filosófica. Se não, reparemos: a república seminua é desgovernada por um conjunto de deputedos…

Ou seja, depreende-se no supracitado que os mais dos que aqui nos visitam querem, na realidade, ir às putas. E sentem-se defraudados, por certo, ao não encontrarem cá as putas que tanto procuram nos interstícios da corrente eléctrica que os liga ao Mundo. Em abono da verdade, e em minha-nossa defesa, devo aqui solenemente confessar que putas é coisa que me agrada sem reservas. Vinho verde também, embora seja um tudo-nada mais ácido. Mas aqui, neste blogue, o que grassa à fartazana são PUeTAS. Aliás, tal como as/os demais correlegionários de filosofice fanfarrónica, o verdadeiro PUeTA aqui sou eu, que tenho a alma à venda nesta esquina à espera daqueles que queiram dar uma voltinha com ela nos recantos obscuros da existência, essa mesma que faz de nós seres preservativos. Acoitamo-nos poeticamente, afinal. E se não fazemos trabalhinhos orais é somente para não falar mal de ninguém à boca-cheia.

Dentro do turbilhão desta fome de putas que percorre internet, consensualmente, putativamente até, decidimos que doravante vamos chamar todas as putas pelos nomes. Para que os radares de pesquisa nos sintonizem nas ondas putanianas é necessário que haja aqui putas com fartura, integradas no meio-ambiente, como população permanente, embora daquela que flutua ao sabor da carne, como é apanágio das putas. E dos filósofos. E dos fanfarrões. Atenção, contudo, que as putas expostas são para consumo na casa.

Não reste dúvida: temos sobremaneira orgulho nestas putas que nos acompanham e que de quando em vez perguntam "quanto é o tombo?". Assim como assim, são as nossas putas e não as trocávamos por quaisquer outras putas. Vivam as nossas putas! As nossas putas ao poder!

Se de facto ainda estás a ler este chorrilho de putalhices é porque não deves ter vindo às putas. Ou se calhar vieste, mas és o tipo de pessoa que gosta de pornografia marada, esquisita ou perversa e então podes enfiar este blogue onde mais gostas, ou seja, nos favoritos.

Se cá vieste ler mesmo qualquer coisita, devo pôr-te de sobreaviso: se obtivermos o desejado desempenho promissor, vulgo page ranking, na área da pornochanchada – putas em termos de core business –, o mais certo é que rapidamente transformemos este blogue numa casa de putas, para pôr, afinal, as nossas putas a render e ir de encontro às expectativas e ansiedades dos infoputanheiros que nos visitam. É negócio. E é sabido que a Poesia não enche barriga a ninguém, sobretudo quando normalmente não tem os ingredientes mais aputecidos, como é o caso.

Já agora, com licença: putas, putas do jet-set, putas boas, as putas ao poder porque os filhos já lá estão, grandes putas, putas velhas, putas de Lisboa, putas à moda do Porto, putas do interior, o interior das putas, vai às putas, põe-te nas putas, o governo adverte que ir às putas dá vontade de fumar, putas e vinho verde (ou será trutas e vinho verde), tão novo e já com putas, suas putas, putas que pariu, putas de vida difícil, duas putas no estômago à queima-roupa, putas tristes, belas putas, zona interdita a putas, sindicato das putas, filho de um comboio de putas, putas take-away, putas by night, putas fever (ah!, os saudosos mano negra...), putas, putas, putas, casa de putas, putas & companhia.

Pronto, este acrescento deve garantir a subida de algumas posições no ranking de putas.

Por último, a césar o que é de césar (ou da irmã dele): desconhecendo se lhe é original ou não, a verdade é que a primeira vez que li a expressão PUeTAS foi num livro do João Pedro Gravato Dias, insigne poeta da nossa praça.

E dito isto agora já podemos ir todos às putas descansados.

Põe-te nas putas.


Bill enGates

3 comentários:

Viviane Moreno disse...

Oi tudo bem?
Uau!! Seu blog é maravilhoso!!
Desculpa a demora em te visitar, é que estou meio sem tempo...
Muito obrigada por me seguir...
Estarei lendo os seus textos com mais frequência.

Te sigo!
Um super beijo e bom final de semana.

Blogue alienígena de vulgaridades literárias... disse...

Bem haja, Viviane, pelo elogioso comentário e pela visita. Um bom fim-de-semana também para si. beijos


Joshua M.

Maria Brandão disse...

Falar em putas e afins aumenta sempre o ranking. Very nice post!