quinta-feira, 3 de junho de 2010


Discutir com o vento

Nunca pensei ser possível encontrar paz no meio da turbulência que é a própria vida. É um processo engraçado. Os problemas não deixaram de existir, nem eu deles fujo. Não se trata de escapismo. Quando finalmente atingimos o nosso equilíbrio interior, é a forma como vemos os problemas e os sentimos que se altera. Em paz, aceitamos a azáfama histérica da sociedade, mantendo-nos o mais possível em resguardo, compreendemos os nossos limites e tornamo-nos mais humildes. Observando o mundo natural e toda a sua perfeição, aceitamos a morte natural, com a naturalidade devida, e respeitamos a força bruta da natureza, que tem sempre a última palavra.
Os ventos arrancaram as persianas das janelas da minha casa. Era uma protecção em PVC. Não retorqui, insistindo. Limitei-me a retirar as restantes e guardei-as num quarto. Afinal, quem é o tolo que discute com o vento?
Evidentemente que a casa ficou mais bonita. Evidentemente que quem adormece nos seus quartos acorda mais cedo com a pálida luz do novo dia. Evidentemente que ainda ontem adormeci a ver a lua vermelha em quarto crescente e senti-me abençoada. Evidentemente que a luminosidade da casa melhorou substancialmente. Evidentemente que nunca fui assaltada porque não tenho nada de interessante para se roubar. Evidentemente que a última palavra é sempre a da natureza. Basta ouvi-la.

Lucinda Gray

4 comentários:

J. Maldonado disse...

A vida torna-se aprazível quando a vivemos de forma desprendida, longe das convenções sociais.
É que se formos simples, tudo se torna mais simples...

_Sentido!... disse...

Ah!... como é bom ser-se livre dentro de si mesmo!
É dentro de nós que reside a verdadeira liberdade, no modo de encarar a vida e o mundo à nossa volta!
Gosto desse "desprendimento"!

Adoro este "O FILOSOFO E O FANFARRÃO"

Abraço!

Unknown disse...

...Anjinho...
Tomei a liberdade de colocar teu blog
no painel de acesso do meu, okay?

bacio forte...il mio Adone!
Nirma Regina

Blogue alienígena de vulgaridades literárias... disse...

grazie tanti... querida anja a tua liberdade é sempre um prazer renovado!

beijos, muitos e variados

Joshua M.