sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

PALAVRA EXPERIMENTAL (XIII)


Cão ladrão

Cão que ladra morde pouco, ou nada (mordisca)
(morder pouco também morde);
Cão que crava os caninos, morde muito e fundo,
não consegue, pois, ladrar;
Cão que ladra muito, muito, é cão ladrão
(e sabe-se lá se morde ou não)
ão, ão,
béu,béu,
arf,arf,
au,au

Aniz tinha um cão ladrão! Que ainda por cima era um trapalhão sem noção e desatava a ladrar sem mais nem porquê sempre, mas sempre no preciso momento em que Aniz encontrava a língua quente de Romeu, encostada ao banco de xisto, nas traseiras de casa, com um ombro quase a tocar a tangerineira.

“– Cabrão do cão”, praguejava Aniz! mas baixinho… não fosse chamar a atenção da avó, o que seria um problema, dado a avó não gostar do Romeu e muito menos do Romeu assim, às escuras e nas traseiras de casa, tão irregular na respiração!

E o cão:
ão, ão,
béu,béu,
arf,arf,
au,au


Iolanda Bárria