sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

SETE DIAS VEZES POESIA (IV)


PIQUENIQUE

algo sobre a relação entre poesia e vida.  

o suplemento literário sobre o nada, nada que longe veloz piquenique seja
como menção do que subo, que subo aos astros indeterminados,
entristecidos com filiação junto da concessão da felicidade lógica;
e não se diga que o que é novo não menos me envelhece, porque perturba,
porque oprime o silêncio entre mim e deus, o mesmo que me indefine como
carne ou peixe ou veludo incolor do chão carente;
para que serve a poesia então, alguém pergunta e o chazinho diz
que os poemas bonitos não existem por aqui uma vez que matariam
a liberdade subsidiária do fim do dia que é como uísque;
e o comércio da alma, acabo a pensar, é o seu desconhecimento oscilante,
a procura que se esgota na sua parede muito branca, e leva à impressão
de um mesmo mundo de resultados.
porque nós estamos aqui, nós continuamos e continuaríamos sempre aqui
nas mesmas asas alucinadas de insecto, na mesma chávena de ódio e céu.
prova os rissóis, querido. por favor. estão deliciosos.


Sylvia Beirute

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