terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Palavras Versadas


Epifania do livre arbítrio ao luar

todo o amor livre e único está contido
num céu divinal jamais realizado
nas estrelas brancas das bolas de cristal
tem o brilho impressionante do céu
a prata em contraste com o olhar perdido no tempo
de uma rua sem saída para o espaço
todo o brilho do mundo se escapa e se mede
pela fraqueza humana
por todo o lado há ínfimos tesouros contáveis
homens e as mulheres a sonhar ser assim
como se a vida entretecida dia a dia fosse
um quotidiano mole sem emoções cartografáveis
e a vida nunca é

o amor único não é duplicável
o amor livre não é transmissível
não pode ser negociável em letras de cambio amoroso nem apregoado
por cartazes de vistas breves
o amor unitário é uma prisão com grades de vida o grito libertário
é a palavra proibida pelo pecado originante
a mesquinha insensatez do senso mais-que-comum
como uma praga vinda do egipto um poder invasor
para contaminar os dias

uma calamidade absolutamente desnecessária ao desenvolvimento
comentam os poderosos
uma medida à medida da sobrevivência da Humanidade
escrevem-no os jornais ao anunciar o fim de todo o amor livre e único bem
como todas as demais consequências do decreto ditatorial
uma limpeza dos costumes uma barrela ao corpo delito
dizem-no as bocas sujas metidas a medo ao gritar inocências pessoais
contra o sentir à porta dos tribunais
gritam-no as vizinhas muito incontidas consigo próprias
sempre a unicidade do amor a marcar a estética do falar
sempre a verdade libertadora a enganar a certeza do ser
tudo se baseia no amor em geral como tu o sentes em particular
sobretudo em ti quando em silêncio
vago algo indefinido
quando em esforço
sobes ao querer perceber todas as faces da lua

ao único nada brilha por fora
ao livre nada o prende por dentro
e as grades da prisão não entendem nada de amor
as fechaduras não nos entendem sob qualquer perspectiva
somos à hora certa o que sonhamos e não o que desejamos
envergamos o rosto metidos numa camisa vazia
somos uma força bruta projectada a favor da nossa paz
e marcamos a vida de cores suaves por ser a vida
o nosso destino inacabado está ao virar de uma página negra
em tons de rosa esmorecida
somos a esquina que marca a rua por onde andamos
e se aborrece  
porque a fazemos esperar contra um sujeito acabrunhado

na unicidade do amor há o sabor de palavras cifradas
um signo por libertar teologicamente incorrupto
um significando a ser revelado no além dos sages
na viragem de um tempo sonhado outro
onde o amor viverá como um verbo íntimo tão brilhante
como um néon capital
e sentiremos a palavra nos olhos cerrados
devemos tentá-la como o que realmente importa ao sentir
colar as pálpebras uma e outra
e submeter o olhar a um encontro de lábios
urge reinventar a língua de olhos fechados num beijo
para não cegar com a desdita falsidade da luz real
só na fundura do breu abissal dos atlantes
a única cidade onde o amor e a luz se espelham em liberdade
se pode encher uma lua cheia
vazada num céu profundamente universal


Joshua Magellan

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