sábado, 23 de outubro de 2010

Crónica Benzodiazepina


Gosto de teimosia!

Gosto de teimosia e de persistência. Gosto de desafios. Gosto do improvável e do absurdo. Gosto da pequena dose de loucura que acompanha todas estas características a que muitos chamam defeitos. Gosto de defeitos. São genuínos, não são politicamente correctos, não são fruto de uma conveniência disfarçada de altruísmo ou de educação. Detesto hipocrisia, adoro humanismo e hoje sei, mais do que nunca, que uma é a antítese do outro. Gosto de tudo isto, gosto de verdades que nunca são absolutas, mas sempre absolutamente subjectivas e portanto verdadeiras e, em abono da verdade, mais absurdo de que a sociedade global, até então construída pela humanidade, não há. Não gosto do jogo, mas gosto de estar viva. Mais absurdo do que conseguirmos mantermo-nos poéticos, nos dias que correm, não há. Mais absurdo do que percebermos que é mais frutífero deixarmos cair objectivos a que nos propusemos do que nos destruirmos para os atingir, sim, há. Temos que gostar de estarmos vivos. Temos que trabalhar para o prazer, com prazer. O sofrimento só faz sentido enquanto meio para atingir um fim que nos dá um prazer supremo e compensador, seja esse prazer altruísta, ou não. Prazer é prazer, tal como a verdade, profundamente subjectivo.
 
 
Lucinda Gray

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