quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Impressões de Constantinopla
A cidade espraiava-se acima das águas do Bósforo, revelando a sua inquietude discreta. As águas cintilavam aqui e ali e o lusco-fusco do fim da tarde envolvia a urbe, emprestando tonalidades amarelas-laranjas a um céu que teimava em ser azul. Os seus edifícios, caoticamente acomodados, deixavam antever um bulício a cheirar a especiarias e a esconder vidas que não se queriam revelar. Do lado esquerdo, espreitava de atalaia a Torre da Justiça do Palácio de Topkapi, que tinha a seus pés as torres e os telhados do harém do último sultão. Mais à direita, a magnífica Mesquita Azul, com os seus seis ilustres minaretes, parecia querer impor a sua beleza à antiga Constantinopla rendida a seus pés. As luzes desvendavam já parte da sua magia irresistível. Perto, bem perto, quase inalterável ao rumor dos dias e à ainda sustentável passagem do tempo, erguia-se Santa Sofia numa imagem sedutora. As suas linhas transfiguravam o contorno da cidade, tornando-a única no seu exotismo, com os seus quatro minaretes a servirem de guardiães fiéis. Olhava-se e sentia-se uma agitação própria de uma vida que late. Palpitavam sons, cheiros, movimento, pessoas, fé e religião numa súmula que me causavam um certo fascínio e repulsa ao mesmo tempo.
Berenice Greco
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