sábado, 20 de novembro de 2010

Crónica Benzodiazepina


Esperanto, esperança…

As conversas de café estão muito mal vistas, mal cotadas e até conotadas com uma certa futilidade, mas a verdade é que volta e meia são essas conversas que nos transportam para ricos universos desconhecidos ou esquecidos. Há poucos dias, estava eu no café, quando uma senhora estrangeira fez questão de se sentar ao meu lado. Acontece que cerca de 24 horas antes, num outro sitio qualquer, ela me tinha pedido uma informação corriqueira e eu tinha-lhe respondido em francês. Na qualidade de francófona, escolheu-me então para companhia. Tão simples quanto isso. A referida senhora, com um ar simpático e comum, veio a revelar-se uma caixinha de surpresas. Descobri, encantada, que para além da sua língua natal, dominava ela, não o Inglês, mas o Esperanto. O Esperanto é uma língua planificada, criada com o objectivo de se tornar um idioma auxiliar para a comunicação internacional. Pensada sob o desejo de quebrar assim as barreiras linguísticas entre as nações. É uma língua poética, na minha opinião, até mesmo porque as nações não a adoptaram, tendo o inglês ocupado a função. A primeira pessoa a colocar-me em contacto com esse universo foi o meu pai, que adorava o conceito em si. Contagiou-me, claro. Mas de uma forma algo romântica, dizia-me ele, que se tratava de um projecto falhado pela inércia da comunidade internacional. Era um projecto demasiado vasto para ser exequível, etc. etc.
Para surpresa minha, a senhora não só falava e escrevia em Esperanto, como ainda me revelou que há uma extensa comunidade internacional que domina aquela sui generis forma de comunicação. Já viajou pelo mundo inteiro, tendo ficado em casa de “esperantistas” existentes em sítios tão exóticos como o Congo, o Japão, Austrália e muitos outros. Fiquei literalmente pasma. Não fazia a mais pequena ideia. Informou-me ainda tratar-se de uma língua de fácil aprendizagem e que existem bons cursos, gratuitos on-line. Fui conferir. É verdade.


Lucinda Gray

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