quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Estou Nu

Estou nu, sentado em cima da cama de pernas cruzadas com o portátil em frente. Hoje foi um dia daqueles. Quando cheguei ao hotel vinha de rastos, enchi a banheira de água quente e enfiei-me lá dentro a cozinhar durante hora e meia. Acabei por acordar em água morna. Agora são quase três da manhã e se ainda liguei o portátil, foi porque precisei de escrever que sim, que hoje me lembrei de vocês. Foi um momento muito curto a meio da tarde. Andava meio perdido nas ruas de Lisboa quando o sol reflectido numa fachada envidraçada me encandeou os olhos. Por breves instantes naveguei sem bússola, perdido do espaço que se seguia, confiando que estariam sentados ali, à minha espera. Arrepiei-me todo!
É tão estranho. De todas as experiências que tive, apenas a de Sexta-feira foi realmente calma. Apenas desta vez ficou silencioso. Não viemos para casa a tagarelar o típico, que fixe que foi, nem houve necessidade de fazer amor antes de adormecermos. Preferimos ficar abraçados a aquecer o rosto um do outro. Talvez um último olhar tenha testemunhado a nossa cumplicidade. De manhã... ai a manhã de sábado. As tuas pernas são tão macias, mas este sábado estavam demais – as minhas pernas, as minhas mãos e por fim os meus lábios, teimaram em espraiar-se em ti. Desculpa se te acordei com tantas carícias. Se te cansei com os "adoro-te" ao ouvido. Se me pareceste estranhamente mais próxima e o meu corpo insistiu fazer prova disso.
Não falámos de vocês. Nem uma única palavra. Nem um único suspiro. Nem nada. Nada. Mas foi como se estivessem sempre ao nosso lado, longe apenas dos olhos e dos sentidos grosseiros. Sexta-feira estava fresco, estávamos famintos, estavam lindas, e nós dignos desse encanto. Foi uma experiência indizível e, se palavras se disseram, foi para justificar o não podermos despir as roupas, a pele e as almas.


duArte

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