quarta-feira, 17 de novembro de 2010


My suffering will be legendary, even in the hell...

Quando alguém morre, deviam morrer os dias tristes, as discussões, a vontade de sermos os maiores. No dia seguinte deviam abrir as cortinas ao sol. Encher os automóveis de crianças, baldes, pás e estrelas do mar. Homens na mão de crianças, a correrem das ondas, para as ondas, aos tropeções, numa embrulhada de carinho, espuma e algas.
Quando alguém morre deviam fazer piqueniques nos jardins da natureza. Jogos de bola, jogos de malha, jogos de sueca. Churrascadas suculentas regadas a bom vinho. Homens gordos deitados em mantas de barriga para o ar a sorrirem para as suas mulheres.
Quando alguém morre deviam desligar as televisões, as internetes, cobrir as mesas de poker, fechar as portas dos estádios, dos parlamentos, tudo o que nos possa afastar.
Sempre que morre alguém, morre uma oportunidade. Se não morre é porque esse alguém não morre. E então?
Então é igual. Acabem com os dias tristes.


duArte

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