quinta-feira, 2 de setembro de 2010

BLOGONOVELA "O GUARDADOR DE VARAS" - Episódio I


O GUARDADOR DE VARAS(I)

Chegou à aldeia escapulido da mãe, ninfomaníaca sado-masoquista rural, de quem saíra havia então mais ou menos 17 anos. Tanto as suas características fisionómicas como os seus hábitos, sobretudo o modo de satisfazer as necessidades básicas, viriam a determinar o papel que lhe caberia naquela minúscula comunidade sem dor nem pecado.
Mal tinha pousado a sua modesta mala, Tó foi abordado por um grupo de aldeãos avesso à ideia de o ter por vizinho, sendo ele um rapaz tão mal formado, pior apessoado e pouco higiénico. Confrontados com os seus indefectíveis intentos de permanência, e após um breve período de reflexão em plenário, decidiram oferecer-lhe emprego como guardador-mor de todos os porcos da aldeia. E se depressa o pensaram melhor o fizeram, pondo em prática um sonho antigo dos suinicultores locais que apenas aguardava um executante.
No dia seguinte, pela manhã, Tó foi, a bem dizer, escoltado até um barraco abandonado, a uns bons quilómetros de distância da povoação, onde as beatas da aldeia trataram de lhe providenciar um mínimo de acomodação e condições de habitabilidade, sem deixarem de ter em conta a peculiaridade do hóspede. Depois, os homens construíram a pocilga comunitária onde, no final da tarde, as camionetas despejaram dezenas e dezenas de quadrúpedes suínos anafados, suculentos, roncantes.


Bill enGates

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