sexta-feira, 17 de setembro de 2010


A nossa pequena galáxia

Acho que deus existe na cabeça de todos nós, tal como as ideias existem na cabeça de todos nós. O meu vizinho acredita em deus e no entanto é meu vizinho sem qualquer transcendência. É um homem real sem qualquer metafísica. “Como é que duas realidades tão diferentes se podem conciliar?” - perguntará o caro leitor. Não sei. O que sei é que é bem possível que um deus esteja por aqui como está em todo o lado, porque não está em lado nenhum. O dualismo é importante, muito importante. Deus não preenche lugar algum. O tempo da paixão é o tempo de acreditar, é a inocência com que acreditamos. Tenho a certeza de que vou andar de um lado para o outro à procura de viver, cadáver em bolandas. Um dia, para lá de hoje, não me confesso mais às folhas brancas e fico a falar comigo lá num sítio qualquer a que chamam céu para não lhe chamar o lado de lá da travessia. A inexistência divina agradece a sua existência à imbecilidade e ao génio humanos. Uns são os crédulos crentes desacreditados e os outros os próprios criadores da ideia em que não acreditam. Já vos tinha dito que acho que todos os seres humanos são extra-terrestres vindos de um dos dezasseis milhões de planetas, com condições iguais às da terra, que existem na nossa galáxia?


Joshua M.

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