quinta-feira, 30 de setembro de 2010

BLOGONOVELA "O GUARDADOR DE VARAS" - Episódio V


O GUARDADOR DE VARAS(V)

Para acalmar os nervos, o conceituado doutor dormiu uma sesta ronceira até ser acordado pela sua carismática esposa. “O teu convidado já chegou há um pedaço. Tinha um ar muito emporcalhado”, anunciou ela, que para o reconfortar e recobrar daquele falhanço inusitado preparara uns rojões de grunhir aos céus e uma cabidelinha com sangue fresco. Por trás de um grande homem há sempre — é bem verdade — uma grande mulher.
Desde então, porcos e aldeões não voltaram a ver Tó, nem tão-pouco ouviram algo mais a respeito dele. Desapareceu insuspeitamente, estranhamente e sem deixar rasto. Os porquinhos todos emagreceram de saudades assaz gigantescas. E, assim, a pocilga comunitária foi forçada ao término, porquanto todos os porquinhos regressaram à respectiva tutela.
O doutor Costa Leta — dirá o povo que por ter de ler a própria letra, assevera a mulher que foi de desgosto profissional — padeceu num processo de miopia gradual e acabou, ao fim de um punhado de meses, por ficar totalmente cego. O diagnóstico do seu colega oftalmologista apontava para excessos de alimentação perpetrados na forma continuada, que terão feito disparar o ácido úrico de forma bombástica. Entre outras coisas, mas principalmente, o médico foi proibido de ingerir carne de porco.

De resto, e por mais tempo que passe, Tó não será jamais esquecido pelos habitantes locais que com ele se cruzaram. Aliás, ainda hoje muito se muge na aldeia acerca disso. Mmmuuuuu de honra!


Bill enGates

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