quarta-feira, 8 de setembro de 2010


Ontem vi

Ontem vi nitidamente o infinito. O céu nocturno, límpido, a três dimensões. Há muito que ele não se revelava assim. Sensação fantástica essa, a da nossa pequenez face à imensidão e beleza do desconhecido. Consegui partir de mim, partir do mundo, só e apenas observando o espaço imenso que nos envolve. Lembrei-me das nossas vidas mundanas, aflições e afectos, dores e preocupações, que nos afligem tanto que parece que nada mais existe senão esta passagem pelo mundo. Ah! Como é deliciosa, simples essa sensação de pequenez que nasce do contraste entre o escuro da noite e a luz das estrelas. Perfeita harmonia, perfeito equilíbrio dos corpos celestes. Quis dormir ao relento, à beira da lagoa. Longe da azáfama da cidade, longe da azáfama de pensar e de estar, longe dos humanos. Só. Tomando banho de corpos celestes.


Lucinda Gray

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