quinta-feira, 16 de setembro de 2010
BLOGONOVELA "O GUARDADOR DE VARAS" - Episódio III
O GUARDADOR DE VARAS(III)
Duas ou três vezes por semana, por alturas do final da tarde, os aldeões iam lá levar-lhe víveres diversos e ração para os porcos. Nessas alturas costumava esconder-se, à espreita, até que os homens terminassem de descarregar a mercadoria. Depois, nessas noites de despensa cheia acontecia invariavelmente lugar uma verdadeira orgia, cujo desfecho era não raramente ensombrado por tremendas lutas na lama. Grunhidos e roncos para todos os gostos. Os porcos! A verdade é que todos eram extremamente brincalhões, contudo também muito irascíveis e com os nervos à flor da pele — qualquer faiscazita e trepava-lhes logo a mostarda ao nariz.
Tó era feliz e não sabia o que mais pedir da vida; a não ser uma pocilga com quartos separados, para poder fazer outras porcarias sem ninguém ver. Para ele, aquele era o paraíso na terra, qual toucinho-do-céu, que nem nos seus sonhos mais pele de porco (cor-de-rosa, no caso) alguma vez esperara encontrar.
Mas um dia tudo isto teve um fim. Numa das costumeiras entregas semanais, os aldeões ouviram um ronco deveras diferente dos demais e, resolvendo investigar a proveniência do mesmo, descobriram a careca ao Tó (estava na mudança do pêlo), que foi apanhado com a boca no presunto.
Bill enGates
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